Me queixo
Folha de São Paulo, 21 de setembro. A filósofa e uma das fundadoras do PT, Marilena Chauí publica uma carta onde tenta explicar, ainda que essa atitude não fosse necessária, o porquê de seu silencio ante a crise que afetou o Partido dos Trabalhadores e o governo federal – mesmo que essa crise seja supervalorizada pelos meios de comunicação (leia-se a Folha, Globo, Veja e afins), que têm se mostrado cada dia mais revanchistas.
A filósofa tenta através de um longo texto explicitar os motivos que a fizeram calar e aproveita para criticar a imprensa oportunista. Lendo sua carta, pensei em coisas interessantes: quem atribuiu à mídia o status de inquiridor, representante legítimo da sociedade (ainda que a sociedade não tenha avalizado tal função)? Por quê meus queridos colegas jornalistas atribuem a si próprios tão grande ubiqüidade? Se consideram os maiores representantes da democracia e da justiça. Justiça de quem? Para quem? Justiça dos magnatas, empresários compromissados apenas com o capital especulador e escravista.
Após o texto de Marilena, algumas páginas adiante, um “jornazista” rebate a carta com um texto entitulado “Marilena, o Latino...” (não me lembro bem o título). Mas o importante é que o jornal, estrategicamente, colocou o texto logo após a carta, numa tentativa clara de desconstruir o que a filósofa escreveu. God Bless the gate keepers...
Mas o pior não é isso, porque, como a própria Marilena diz em seu texto, uma empresa qualquer tem suas diretrizes políticas traçadas por seus donos, o agravante é que empresa está, pretensamente, ligada à esfera dos interesses públicos, como os jornais e meio de comunicação em geral. Como eu disse, o pior não é isso. O grande problema disso tudo foi a forma como o texto rebate os argumentos de Marilena. O tal Reinaldo Azevedo não faz outra coisa que não seja falacioso. O contraponto feito é de um mal gosto incomensurável. Com ataques à pessoa Marilena (coisas como “Marilena consegue chegar ao mais baixo nível que um intelectual consegue”, daí para baixo), Reinaldo Azevedo tenta desqualificar de qualquer maneira o argumento construído de forma coerente, respeitando um nível de argumentação inexistente no texto de Reinaldo.
Pessoal, como é que um cara que estudou por anos a fio pode tratar dessa maneira um texto publicado no jornal de maior expressão da maior capital do país? Inconsciente não foi. Fica mais evidente a postura elitista desse jornal que se diz a serviço do Brasil. Do Brasil das elites, do Brasil do empresariado, do Brasil vendido ao capital especulador, do Brasil hipócrita...Pior que isso só a Globo, que ,do último 7 de Setembro, noticiou apenas 43 segundos das manifestações cobrando o presidente Lula e do Grito dos Excluídos. Cultivo aqui a dúvida, por que nossos amigos jornalistas beiram o fascismo? Não generalizo e espero que a turma que chega agora ao “mercado” repense as responsabilidades da profissão.
Prometo que vou publicar uns textos menos queixosos agora. Não poderia deixar passar essa.
leia o texto de Marilena Chauí: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u72595.shtml
Leia o texto de Reinaldo Azevedo: http://www.primeiraleitura.com.br/auto/entenda.php?id=6265
A filósofa tenta através de um longo texto explicitar os motivos que a fizeram calar e aproveita para criticar a imprensa oportunista. Lendo sua carta, pensei em coisas interessantes: quem atribuiu à mídia o status de inquiridor, representante legítimo da sociedade (ainda que a sociedade não tenha avalizado tal função)? Por quê meus queridos colegas jornalistas atribuem a si próprios tão grande ubiqüidade? Se consideram os maiores representantes da democracia e da justiça. Justiça de quem? Para quem? Justiça dos magnatas, empresários compromissados apenas com o capital especulador e escravista.
Após o texto de Marilena, algumas páginas adiante, um “jornazista” rebate a carta com um texto entitulado “Marilena, o Latino...” (não me lembro bem o título). Mas o importante é que o jornal, estrategicamente, colocou o texto logo após a carta, numa tentativa clara de desconstruir o que a filósofa escreveu. God Bless the gate keepers...
Mas o pior não é isso, porque, como a própria Marilena diz em seu texto, uma empresa qualquer tem suas diretrizes políticas traçadas por seus donos, o agravante é que empresa está, pretensamente, ligada à esfera dos interesses públicos, como os jornais e meio de comunicação em geral. Como eu disse, o pior não é isso. O grande problema disso tudo foi a forma como o texto rebate os argumentos de Marilena. O tal Reinaldo Azevedo não faz outra coisa que não seja falacioso. O contraponto feito é de um mal gosto incomensurável. Com ataques à pessoa Marilena (coisas como “Marilena consegue chegar ao mais baixo nível que um intelectual consegue”, daí para baixo), Reinaldo Azevedo tenta desqualificar de qualquer maneira o argumento construído de forma coerente, respeitando um nível de argumentação inexistente no texto de Reinaldo.
Pessoal, como é que um cara que estudou por anos a fio pode tratar dessa maneira um texto publicado no jornal de maior expressão da maior capital do país? Inconsciente não foi. Fica mais evidente a postura elitista desse jornal que se diz a serviço do Brasil. Do Brasil das elites, do Brasil do empresariado, do Brasil vendido ao capital especulador, do Brasil hipócrita...Pior que isso só a Globo, que ,do último 7 de Setembro, noticiou apenas 43 segundos das manifestações cobrando o presidente Lula e do Grito dos Excluídos. Cultivo aqui a dúvida, por que nossos amigos jornalistas beiram o fascismo? Não generalizo e espero que a turma que chega agora ao “mercado” repense as responsabilidades da profissão.
Prometo que vou publicar uns textos menos queixosos agora. Não poderia deixar passar essa.
leia o texto de Marilena Chauí: http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u72595.shtml
Leia o texto de Reinaldo Azevedo: http://www.primeiraleitura.com.br/auto/entenda.php?id=6265
