sábado, fevereiro 18, 2006

Lei para todos, justiça para poucos

“O agente, em qualquer das hipóteses desse artigo (o que inclui estrito cumprimento do dever), responderá pelo excesso doloso ou culposo”.
Parágrafo único do artigo 23 do Código Penal.
Na ultima quarta-feira a (in)justiça brasileira mostrou sua cara. Comprovou a tese de que a justiça não é cega; está com os olhos bem abertos para proteger os seus.
Vinte desembargadores criados a pão-de-ló e Möet Chandon não só anularam a sentença de 632 de cadeia como inocentara Ubiratan Guimarães, coronel da PM, em 1992, que comandou a invasão do Carandiru e foi um dos responsáveis pelo massacre que deixou 111 presos mortos. Segundo os desembargadores, a decisão do JÚRI POPULAR, tomada em 2002, condenando o coronel a 632 anos de prisão, foi mal interpretada pela juíza, na época. Os desembargadores disseram que os jurados quiseram inocentar o tal coronel.
Sem comentar o massacre em si, essa decisão da justiça brasileira já configura o elitismo, o conservadorismo, a hipocrisia, a antidemocracia em que vivemos. O júri popular leva em consideração diversos aspectos na analise de um processo, inclusive uma pitada do consciente coletivo. Isso não dá o direito a punhado de burgueses, que viveram em suas clausuras com medo de serem devorados pelos pretos famintos, desdizer o que um grupo além de legitimo historicamente e escolhido sem prévias intenções.
Ao massacre: Os desembargadores acreditam que o fato de o júri popular reconhecer que o coronel Ubiratan estava cumprindo seu dever o isenta da culpa. Ora, a não ser que o governador Fleury tenha dito: “mate os presos!”, Ubiratan é culpado.
Esse sim deveria estar apodrecendo em uma cela. Luiz Antonio Fleury, um ex-policial, preocupado em atender os interesses da classe média e da elite brasileira. Deu a ordem para o coronel invadir o Carandiru e ainda abandonou seus capangas. Além de tudo um covarde!
Voltando ao massacre: Ubiratan recebeu a ordem para invadir o presídio e controlar a rebelião. Cumpriu a ordem, mas não foi competente (ou não quis) para resolver o problema como se deve, sem violência. Porque é muito fácil enfrentar homens armados apenas com facas quando se tem armas nas mãos! O coronel sujou suas mãos com o sangue dos pretos brasileiros e não tem como se livrar disso. Bem que tentou, mas utilizou a nossa tão querida Lei; em 1998, se candidatou a deputado estadual, se elegeu e gozou de foro privilegiado na época do julgamento. Foi condenado e ganhou o “direito” de responder ao processo em liberdade, ou seja, não passou um dia sequer na cadeia!
Essa decisão dos desembargadores do Tribunal de Justiça de São Paulo é ridícula! Como podem os jurados quererem inocentar um réu, a juíza o sentenciar culpado, e ele não se manifestarem no proferir da juíza? Sem contar que a perícia identificou que vários presos foram mortos quando estavam ajoelhados, quer dizer, dominados; além de identificar que 176 dos 515 tiros disparados contra os presos os atingiram nas costas.
Foi a brecha que o sistema, a classe média, os ricos, brancos, a direita colonizada pediram.
Muitos, hoje, argumentam: eram os policiais ou os bandidos! Somos nós ou eles! Ok, então isso dá o direito dos familiares (sim, os presos têm família!) de matarem o coronel, os policiais...
Não se paga violência com violência.
Nenhum policial do massacre foi julgado ainda. Espero que eles consigam deitar suas cabeças em seus travesseiros e consigam dormir sossegados.

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

Voltando...e falando mal.

Voltei e já vou chutar o balde. Quero falar a respeito da opinião do povo brasileiro, ou seja, a opinião do Jornal Nacional. Há muito tempo vinha desconfiando do tal "Padrão Globo". E nas últimas semanas ví que não passa de papo-furado; a Globo em nada se difere do SBT, Gazeta, RedeTV, Band, etc. Tudo começou quando a novela da Record, "Prova de Amor", ficou 8 minutos à frente do Jornal Nacional. Digo FICOU porque o IBOPE é igual a Papai Noel, Coelhinho da Páscoa, Trevo de 4 folhas...Há quem acredite, mas é difícil levar a sério. Depois desse fato, inédito, o JN mostrou a verdadeira cara da Globo. Um blocão de 30 minutos, insuportável. Primeiras notícias: seqüestros, bebê da Pampulha (isso deu o que falar), câmeras escondidas, jovens usando drogas e, claro, nosso querido futebol. Placar: Sensacionalismo 10 x o Informação.
Nunca me iludi com esse tipo de jornalismo, principalmente o da Globo. Poucos são os globais digeríveis. Caco Barcellos, Franklin Martins; ainda com ressalvas.
Mas o pior é que a emissora que destronou a Globo foi a TV dos Bispos. Não há nada mais promíscou que misturar comunicação (formação de opinião), religião e política em um mesmo balaio repleto de corruptos (só lembrando o caso do bispo com as malas de dinheiro no aeroporto de Minas) e exploradores.
E ainda tem o novo Jornal da Record, cópia do JN. Quem é o clone, quem é o clonado?