domingo, março 26, 2006

Direta e reta...02

***diálogo entre um repórter e uma garotinha moradora da rodovia dos desesperados, que fica no sul da Bahia.

Repórter - Você prefere ganhar brinquedo ou comida?
Garotinha - Eu prefiro comida...
Repórter - Por que?
Garotinha - Porque brinquedo a gente não pode comer né?

sexta-feira, março 03, 2006

Vá morar com o diabo que é imortal...

Esse texto é para criticar, ainda que não da forma como eu gostaria, uma instituição que há muito me incomoda: a igreja católica. Aliás não é só a igreja católica que incomoda, mas todo e qualquer tipo de religião que amputa os fíéis. Li hoje na Folha de São Paulo uma reportagem que conta como o o presidente da CNBB (Confederação dos Bispos do Brasil) dom Geraldo Majela criticou de forma inconsequente e descabida os projetos sociais do governo Lula. http://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u76192.shtml
Antes de falar da crítica, falemos sobre os projetos sociais de Lula. Obviamente, ele não nem metade do que esperavam aqueles que tanto lutaram para que ele fosse eleito presidente depois de três tentativas fracassadas. Bem da verdade que tive uma noção maior do era ter Lula na presidência na campanha vitoriosa de 2002, pois era demasiado jovem nas anteriores. Pois bem, os avanços que tivemos nos últimos anos ainda não são o suficiente para que tenhamos um salto representativo no índice de desenvolvimento humano, mas não se pode desqualificar um projeto que tenta amenizar uma situação que já está desesperadora. Eu sou adepto do lema: Não dê o peixe, ensine a pescar. Mas entendo as medidas de cunho mais assistencialistas do governo como o tal Bolsa-Família (que como tudo nesse país é alvo das chagas cancerosas das almas corruptas), até o mal-fadado Fome Zero. Foi mais um ato para mostrar para o brasileiro que segurasse um pouco o desespero, que as coisas tenderiam a ficar melhores. Acho que dois de mandato já seriam suficientes para a implantação de mais programas que possiblitassem o real desenvolvimento da população, mas não podemos ignorar, por exemplo, o ProUni; mesmo as polêmicas cotas para negros e indígenas nas universidades federais, que vêm também abrindo cotas para estudantes de escolas públicas, não se importando com a etnia; os créditos familiares agrícolas e alguns poucos outros...É pouco? É! Pouquíssimo! Poderíamos investir os 15 bilhõs pagos ao FMI antecipadamente em projetos sociais? Poderíamos. O que é mais triste nisso tudo é que nosso ´presidente tem se mostrado como o líder dos oprimidos, mas o bobo-da-corte dos opressores. Mas já falei demais do Lula. O que eu quero falar é a respeito dessa mania da igreja se meter em assuntos que não lhe competem. Não vivemos em um estado laico? A crítica de dom Geraldo Majela é justamente a respeito dos programas sociais, ele diz: "o bolsa-família é assitencialismo, não é promoção humana". Até aí, beleza. Continua: "O que nós [a CNBB] queremos é trabalho e educação para todos.". "o presidente Luiz Inácio Lula da Silva "não tem a visão do povo". "O povo quer trabalho, o povo quer educação, e não campanhas de Carnaval.". "Os indicadores, nacionais ou internacionais, mostram que um terço da população brasileira vive abaixo da linha da miséria. É isso que nos preocupa. Aí eu pergunto: tem trabalho? Tem educação?". Espera um pouco. Independente do teor das críticas, que têm seu fundo de razão, o que a CNBB tem a ver e a exigir do governo? NADA. O que o primaz cardeal tem a dizer sobre o que o povo sente se ele vive na sua clausura protegido até por um carrão blindado? O que ele tem a ver com indicadores internacionais e blábláblá? É claro que ele entende, mas e daí, ele devia estar preocupado em fazer a igreja católica liberar a camisinha abertamente, lutar pela legalização do aborto, casamento de homossexuais, desengessar o povo, que vive pela crença e não por ele próprio. Calma, tem mais, O cardeal primaz disse que a Igreja Católica está preparando uma cartilha para "orientar" os brasileiros nas próximas eleições. "Vamos distribuir o livro, que vai ajudar na formação dos eleitores, com as nossas recomendações para todas as comunidades". Na boa, todos têm o direito de expressar suas opinoões pessoais, mas um grande membro da igreja rasgar esse tipo de crítica, um dia depois de outro líder dizer horrores sobre a política econômica do governo (foi dom Odilo Pedro Scherer, que até entende de economia, mas não deve falar em nome da igreja), em ano de eleições, não se torna só um fato político, mas também uma fato partidário; ainda em um momento em que Lula aparece como vencedor nos diferentes cenários de candidatos na sucessão presidencial. Ah, dom Geraldo vá para o diabo que o carregue e fica na sua!