Flores 2. O despertar
***Para quem não quiser ficar perdido, leia "Flores...". Tem no arquivo.
Cansadas de ficar naquela monotonia, sem perspectivas as orquídeas resolveram se separar e cada uma seguiu o seu próprio caminho. Quando da separação, as orquídeas sofreram uma espécie de mutação. Coisas que somente nas fábulas são possível (fábulas como essas). As orquídeas, que até então viviam juntas em um mesmo caule, transformaram-se em rosas amarelas. Cada uma com sua idiossincrasia, porém com essência em comum, um número absurdo de espinhos no caule. Vou me dar o direito de falar apenas do caminho de uma dessas rosas amarelas. Descupem, não lembro seu nome. Pois bem, essa determinada rosa amarela saiu em busca de algo - ou meio que empurrada, sem escolha, chegou a este nosso querido mundão de meu deus. Logo conseguiu um emprego em um ateliê de pinturas de umas formigas conhecidas. O começo, como qualquer nova situação, foi um tanto complicado para a pequena e frágil rosinha. Contudo, logo nossa heroína conquistou as formigunhas colegas de trabalho e teve uma grande surpresa. Encontrou nesse ateliê uma rosa vermelha que, como ela, trazia em sua história elementos que lembravam as priscas eras de orquídea, flor de plástico. A união, a amizade entre as duas pequenas flores foi quase que imediata. Insólita eu diria, pois poucas pessoas acreditavam que uma rosa amarela pudesse ser tão bem compreendida por uma rosa vermelha, afinal eram tão diferentes; histórias, tempo, etc...
As formigunhas, que mais pareciam pequenos robozinhos de tanto trabalhar, achavam todo esse envolvimento no mínimo estranho, mas nada poderiam fazer. O amor como o sentimento sublime, a única sensação absoluta que um ser vivo pode experimentar, já existia.
No entanto, o tempo, as dificuldades que a rosa amarela encontrou no mundão, a relação opressora com as formigas (mesmo que psicologicamente opressora) fizeram da nossa heroína uma rosa triste, fria, sentimental ao extremo, fechada, e tudo o mais que pode estragar a força que um ser tem para se entregar ao outro, ao amigo.
E assim a relação entre as rosas não era mais a mesma; a rosa amarela conseguia transformar em sofrimento tudo aquilo que proferia à rosa vermelha. Só lembrando o fato de a rosa amarela ter um número absurdo de espinhos em seu caule, o que tornava penoso o esforço de aproximação de qualquer outro ser...
E a separação foi inevitável. O amor continuou incomensurável. Mas todo aquele cenário impedia a prática.
Cinco anos depois desse encontro providencial na vida da rosa amarela, nossa heroína (ou seria, na verdade, uma anti-heroína) continua seu caminho, como um quilombola, fugindo da escravidão, nem sempre conseguindo, contrariando a sua realidade, tentando ser feliz; traz em seu caule as marcas que contam um pouco de sua história e dizem quem ela é. Com muita saudade de um tempo que não volta mais...
Cansadas de ficar naquela monotonia, sem perspectivas as orquídeas resolveram se separar e cada uma seguiu o seu próprio caminho. Quando da separação, as orquídeas sofreram uma espécie de mutação. Coisas que somente nas fábulas são possível (fábulas como essas). As orquídeas, que até então viviam juntas em um mesmo caule, transformaram-se em rosas amarelas. Cada uma com sua idiossincrasia, porém com essência em comum, um número absurdo de espinhos no caule. Vou me dar o direito de falar apenas do caminho de uma dessas rosas amarelas. Descupem, não lembro seu nome. Pois bem, essa determinada rosa amarela saiu em busca de algo - ou meio que empurrada, sem escolha, chegou a este nosso querido mundão de meu deus. Logo conseguiu um emprego em um ateliê de pinturas de umas formigas conhecidas. O começo, como qualquer nova situação, foi um tanto complicado para a pequena e frágil rosinha. Contudo, logo nossa heroína conquistou as formigunhas colegas de trabalho e teve uma grande surpresa. Encontrou nesse ateliê uma rosa vermelha que, como ela, trazia em sua história elementos que lembravam as priscas eras de orquídea, flor de plástico. A união, a amizade entre as duas pequenas flores foi quase que imediata. Insólita eu diria, pois poucas pessoas acreditavam que uma rosa amarela pudesse ser tão bem compreendida por uma rosa vermelha, afinal eram tão diferentes; histórias, tempo, etc...
As formigunhas, que mais pareciam pequenos robozinhos de tanto trabalhar, achavam todo esse envolvimento no mínimo estranho, mas nada poderiam fazer. O amor como o sentimento sublime, a única sensação absoluta que um ser vivo pode experimentar, já existia.
No entanto, o tempo, as dificuldades que a rosa amarela encontrou no mundão, a relação opressora com as formigas (mesmo que psicologicamente opressora) fizeram da nossa heroína uma rosa triste, fria, sentimental ao extremo, fechada, e tudo o mais que pode estragar a força que um ser tem para se entregar ao outro, ao amigo.
E assim a relação entre as rosas não era mais a mesma; a rosa amarela conseguia transformar em sofrimento tudo aquilo que proferia à rosa vermelha. Só lembrando o fato de a rosa amarela ter um número absurdo de espinhos em seu caule, o que tornava penoso o esforço de aproximação de qualquer outro ser...
E a separação foi inevitável. O amor continuou incomensurável. Mas todo aquele cenário impedia a prática.
Cinco anos depois desse encontro providencial na vida da rosa amarela, nossa heroína (ou seria, na verdade, uma anti-heroína) continua seu caminho, como um quilombola, fugindo da escravidão, nem sempre conseguindo, contrariando a sua realidade, tentando ser feliz; traz em seu caule as marcas que contam um pouco de sua história e dizem quem ela é. Com muita saudade de um tempo que não volta mais...
