Ode à (in)Diferença
- Gente, vamos viver!
- Cara, você precisa falar mais merda!
- A vida é muito curta pra você ficar choramingando pelos cantos!
Essas frases saíram das bocas de pessoas que muito estimo. No entanto, elas me fazem refletir sobre seu significado. Não o significado superficial, mas toda uma gama de ações, conceitos e morais que acarretam. Por ser oriundo de uma camada menos afortunada da sociedade, esse tipo de pensamento me causa ojeriza. Não os repilo, tento refletir a ponto de confirmar o que acredito ser o modo de agir adequado à realidade.
Como é que eu posso VIVER renegando os problemas que nós enfrentamos? Dar de cara com famílias inteiras que passam fome, não têm onde morar, independente de quem é a culpa. Aceitar que acreditam que o simples fato de um homem sentar em frente a um microfone ou em frente a uma câmera já faz dele o paladino do serviço social. Acho que, se tiver condições, é preciso que se ajude, mas tem de ser de coração. Como posso VIVER sabendo que esse povo que passa fome se resigna frente a dogmas excludentes e conformistas? Como posso VIVER sabendo que a maioria das pessoas apenas sobrevive? Eu posso VIVER enquanto o próximo, no máximo, sobrevive? Gostaria que esse povo fosse forte o suficiente a ponto de poder conhecer o SuperHomem de Nietzche, desconstruir essa teoria e ser SuperHomem hoje. Posso ignorar tudo isso? Sou capaz de ignorar isso e VIVER? Não sei.
Como é que eu posso falar mais merda se todos os dias é merda o que ouço nas rádios, o que vejo na televisão, o que leio nos jornais? Merda que atende apenas aos interesses dos poderosos para manterem sua relação de opressão aos menos poderosos. Como posso falar mais merda se é merda o que o povo engole dos “imparciais” da comunicação? Profissionais cínicos e hipócritas que se auto proclamam os defensores da democracia, mas mascaram pensamentos fascistas. Eu tenho condições da falar merda se a merda que toca nas FM’s estão cada vez mais dominando nossa cultura musical, tão rica outrora, hoje vendida à filosofia do mercado, escrava do capitalismo, logo, destinada apenas a quem tem dinheiro? Pergunto: onde está o discurso dos nossos poetas? A fim de quê chamam a si próprios de artistas? Que arte é essa?
Como não se deprimir diante da exclusão? Como não chorar frente à cruel realidade, que, para a manutenção de alguns, escraviza a maioria? Esse papinho não me convence mais e, me desculpem, faz parte de uma moral burguesa individualista, excludente e decadente! Como priorizar o indivíduo se o homem não vive sozinho? A vida é curta para poucos, que a desfrutam baseados em um hedonismo nauseabundo.
Eu penso isso. Mas houve um tempo em que acreditei que ser diferente era legal. Hoje é triste saber que seus valores estão em desconformidade com seus contemporâneos. Me chamem de anacrônico. Aos meus amigos, não quero que se convençam com palavras. Que emane a dúvida em seus pensamentos mais sinceros sobre seu modo de agir para com o próximo. Cultivo aqui apenas algumas dúvidas que pairam em minha cabeça.
- Cara, você precisa falar mais merda!
- A vida é muito curta pra você ficar choramingando pelos cantos!
Essas frases saíram das bocas de pessoas que muito estimo. No entanto, elas me fazem refletir sobre seu significado. Não o significado superficial, mas toda uma gama de ações, conceitos e morais que acarretam. Por ser oriundo de uma camada menos afortunada da sociedade, esse tipo de pensamento me causa ojeriza. Não os repilo, tento refletir a ponto de confirmar o que acredito ser o modo de agir adequado à realidade.
Como é que eu posso VIVER renegando os problemas que nós enfrentamos? Dar de cara com famílias inteiras que passam fome, não têm onde morar, independente de quem é a culpa. Aceitar que acreditam que o simples fato de um homem sentar em frente a um microfone ou em frente a uma câmera já faz dele o paladino do serviço social. Acho que, se tiver condições, é preciso que se ajude, mas tem de ser de coração. Como posso VIVER sabendo que esse povo que passa fome se resigna frente a dogmas excludentes e conformistas? Como posso VIVER sabendo que a maioria das pessoas apenas sobrevive? Eu posso VIVER enquanto o próximo, no máximo, sobrevive? Gostaria que esse povo fosse forte o suficiente a ponto de poder conhecer o SuperHomem de Nietzche, desconstruir essa teoria e ser SuperHomem hoje. Posso ignorar tudo isso? Sou capaz de ignorar isso e VIVER? Não sei.
Como é que eu posso falar mais merda se todos os dias é merda o que ouço nas rádios, o que vejo na televisão, o que leio nos jornais? Merda que atende apenas aos interesses dos poderosos para manterem sua relação de opressão aos menos poderosos. Como posso falar mais merda se é merda o que o povo engole dos “imparciais” da comunicação? Profissionais cínicos e hipócritas que se auto proclamam os defensores da democracia, mas mascaram pensamentos fascistas. Eu tenho condições da falar merda se a merda que toca nas FM’s estão cada vez mais dominando nossa cultura musical, tão rica outrora, hoje vendida à filosofia do mercado, escrava do capitalismo, logo, destinada apenas a quem tem dinheiro? Pergunto: onde está o discurso dos nossos poetas? A fim de quê chamam a si próprios de artistas? Que arte é essa?
Como não se deprimir diante da exclusão? Como não chorar frente à cruel realidade, que, para a manutenção de alguns, escraviza a maioria? Esse papinho não me convence mais e, me desculpem, faz parte de uma moral burguesa individualista, excludente e decadente! Como priorizar o indivíduo se o homem não vive sozinho? A vida é curta para poucos, que a desfrutam baseados em um hedonismo nauseabundo.
Eu penso isso. Mas houve um tempo em que acreditei que ser diferente era legal. Hoje é triste saber que seus valores estão em desconformidade com seus contemporâneos. Me chamem de anacrônico. Aos meus amigos, não quero que se convençam com palavras. Que emane a dúvida em seus pensamentos mais sinceros sobre seu modo de agir para com o próximo. Cultivo aqui apenas algumas dúvidas que pairam em minha cabeça.
6 Comments:
O triste é parar e refletir, chegando a conclusão que a maioria das pessoas já acomodam-se no conformismo, que o individualismo já os acometeram.
Será que é tão difícil as pessoas trocarem o conformismo pela luta? Dizer não a industria capitalista, mostrar que a massa não quer pão e circo.
O que me faz sentir um pouco melhor é que as vezes encontro algumas pessoas que pensam como eu, ai posso ver que não sou apenas um excluído com pensamentos loucos que vão contra a industria. Podendo assim ter uma esperança que um dia mais uma, e mais uma e mais outra pessoa pode acordar e ver que não é obrigatório ter um pensamento igual ao da massa, só porque é mais cômodo para a sobrevivência.
Obs: Consta aqui o desabafo de um jovem insano.
Paulinho,
Vou tentar novamente comentar... se der erro eu desisto!
Concordo com o que vc disse.
Mas fica aki a triste resposta: Enquanto houver sistema capitalista, a desigualdade só aumentará. Enquanto a classe dominante monopolizar os meios de comunicação, as pessoas tornam-se cada vez mais robotizadas e manipuladas com as informações que recebem. Isso é o querem os donos do poder. O domínio sobre o povo, para que eles se tornem cada vez mais individualistas!
Os objetos se tornam produtos da indústria cultural, perdem seus valores e passam a ser simplesmente mercadorias....
O mundo só mudará, quando o sistema acabar, quando houver uma substituição. Politica de direita e de esquerda possuem ideais diferentes, mas os ricos nunca lutarão pelos pobres.
Enquanto a democracia não for exercida em seu verdadeiro sentido, tudo ficará como é!
Adorei seu blog!
Beijos
Josi
Paulinho, comentei e esqueci de dizer outra coisa, seu blog tá muito legal, essa iniciativa é dez, parabéns! Espero sempre vir aqui e comentar!!!
Abração
Você é muito bom no que faz...
certa vez eu disse que você veio
para vencer, a prova está ai no
no seu texto. Parabéns menino.
Sabe o que mais me dói? Assistir de camarote o desespero do povão, que vem atrás de uma luz no fim do túnel e eu não poder fazer nada... Apenas passar os dias omitindo e mentindo para ele... Você sabe do que eu to falando... Nada pior do que mandar de volta pra casa tantas pessoas que vêm em busca de ajuda, com uma mão na frente e outra atrás... Mas isso não vai mudar enquanto quem tem a autoridade/responsabilidade não estender a mão e agir, e não simplesmente balbuciar belas palavras de consolo... Fico inconformada... e triste...
Paulo,
Parabéns pelo blog!
Aprovo toda sua indignação e te digo que não há um lugar certo ou errado pra ela existir...não sei se sou tão diferente assim de você como você diz...pois assim como você,eu estudo e luto para tentar construir ou reformar o mundo.Mas não todo o mundo. Acredito muito que cada um faz sua parte e não é porque as pessoas não fazem as delas que eu vou deixar de fazer a minha! Ontem eu estava conversando com um menino da faculdade e ele me disse: você não gosta de ficção né, de comédia, de cenários, de entretenimento,etc...eu falei pra ele , não, nem um pouco, eu gosto da REALIDADE, da informação, da VERDADE, aí ele falou, nossa, então como você consegue falar comigo, gostar de mim?!....Paulo, eu gosto do ser humano e acredito muito nas pessoas sendo elas ricas ou pobres! A gente tem que acreditar se não pira! Na verdade eu to na Faculdade pra tentar mudar a parte do mundo que me cabe....a comunicação,a informação....e não vou, nem quero, nem posso mudar por exemplo, a fome do nordeste. Mas uma coisa leva a outra, e a única certeza que eu tenho é que onde eu estiver, com as condições que eu possuir, a MINHA parte vai ser feita.E eu não querer mudar o mundo todo,e eu não vejo isso como egoísmo, mas como uma divisão de tarefas onde cada um faz o que está ao seu alcance! Pense nisso! Faça a sua parte bem feita, mas não tome para si a parte de quem não faz, pois você não vai dar conta e só vai sofrer mais quando descobrir que não pode tudo!!!!
Te gosto muito viu!!!!!!Se cuida!!!
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