terça-feira, maio 09, 2006

Moradores dos espaços em branco

Vão caindo as ilusões
Do sucesso da felicidade
Vão secando os corações
No frio e garoa da cidade

Vão morrendo os leões
Água, luz, esgoto marginal
Vão chegando as prestações
Junto à exclusão lateral

Já não dá mais pra voltar
À frente não há mais o que enxergar
As chances parece que fugiram
E minha parte que meus antigos construiram

Vão fechando os portões
As crianças têm de estudar
Vou maquinando soluções
Às necessidades que não posso saciar

Vão aumentando os quarteirões
Mais Faustos e almas a penar
Vão pedindo mais qualificações
Sem trababalho nem dinheiro não dá pra se enquadrar

A vida vai passando e vou vivendo
Vivo pra morrer e meus filhos vão crescendo
Ninguém cumpriu aquilo que prometeu
E continuo a procurar a solução
E entendo aquele que se arrependeu
O que o mundo pediu não foi o que me deu
E continuamos esquecidos em qulaquer canto
Morando nos espaços em branco...